Sessão Muito Especial para todos

Quem participou da Sessão Muito Especial da 11ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis neste domingo, no Teatro Pedro Ivo, teve a oportunidade de se colocar no lugar das pessoas que não podem ver. Foram distribuídas aos espectadores faixas de tecidos para vendar os olhos e acompanhar o filme somente pela audiodescrição, recurso que ajuda as pessoas com deficiência visual a entender o que se passa na tela.

acessibilidadeOs deficientes auditivos foram beneficiados pela Linguagem Brasileira de Sinais (Libras). No canto inferior direito da tela, o intérprete de Libras Tom Min Alves, narrou os diálogos. Foram exibidos sete curtas-metragens, nas categorias ficção e animação, entre eles, O fim do recreio, de Vinicius Mazzon e Cadê meu rango, de George Munari Damiani.

Essa foi a primeira vez que a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis incluiu na programação filmes adaptados com audiodescrição e Libras. “Foi uma boa experiência, percebemos que as pessoas aproveitam os filmes e o seu dia como qualquer outra pessoa, não importa que tenham necessidades especiais. Todos os públicos interagem em um ambiente de cultura e opções de lazer”, diz Chico Faganello, do site www.filmesquevoam, responsável técnico pela sessão. “Vamos aprofundar o trabalho com audiodescrição e aperfeiçoar o Libras”, completa.

Moisés Eller levou a filha e a mulher para participar da sessão. Eles queriam experimentar um pouco do mundo de quem não enxerga. Ele conta que conseguiu ficar com a venda nos três primeiros filmes, mas que depois não aguentou, queria ver as cenas. Diz que gostou da experiência, mas sabe que ficou longe de sentir o que uma pessoa que não vê sente quando ouve a descrição do que está acontecendo.

“Temos a noção das imagens porque já vimos antes, mas quem nasceu cego tem que imaginar como são as coisas”, reflete Moisés. O mesmo aconteceu com a esposa dele, Helena Dalri, que também não ficou muito tempo com os olhos fechados. “É um processo educativo para quem tem visão, para a gente se colocar no lugar do outro, mas eu achei muito difícil ficar sem ver o filme”, conta. A família sempre vai ao cinema, mas essa é a primeira vez que participam de uma sessão com Libras e audiodescrição.

Na fileira ao lado, estava Pâmela Castro, de 13 anos, cega desde a infância, que teve pela primeira vez a experiência de ouvir um filme com audiodescrição. “Eu achei muito legal porque a audiodescrição me ajudou a entender a história”.  Ela foi apenas duas vezes ao cinema com a turma da escola, conta com a ajuda da mãe para entender o que acontece nos filmes que ela ouve em casa, pela televisão.

Foi por meio de uma amiga, que também é deficiente visual, que a Pâmela ficou sabendo que haveria uma sessão de cinema especial na Mostra, com entrada gratuita.”Eu fiquei emocionada durante a sessão porque isso é inclusão social, e estar numa sala de cinema é muito diferente de ouvir o filme pela televisão.”

Luiza Jacques, de 10 anos, está participando de toda a programação da Mostra de Cinema Infantil. Curiosa, queria saber como seria apenas ouvir um filme, imaginar as cenas somente a partir da narração. “Confesso que eu achei estranho, não consigo ficar muito tempo com os olhos fechados”, disse a menina.

Para Sophia, de 9 anos, que não ouve, poder assistir a um filme com Libras no cinema, foi uma experiência nova. A mãe dela, Kelly de Castro, percebeu durante a sessão que a filha estava muito interessada no filme, o que não acontece quando estão no cinema sem a tradução em Libras. “A Sophia é muito inquieta e comunicativa, ela gosta de ter contato com as outras crianças. Ficamos felizes em compartilhar essa experiência com pessoas que têm as mesmas dificuldades”.

 


Publicado em 10 julho 2012


Faça parte da nossa lista!

Receba notícias atualizadas sobre a Mostra

    Aceito receber emails da Mostra de Cinema Infantil

    patrocinadores da Mostra
    Mostra de Cinema Infantil