No Fórum, diretor promove reflexão sobre infância e criatividade na escola

“Os assuntos que interessam as crianças não são as coisas infantis. A criança quer a experiência real das coisas. E para dar conta dessa experiência, ela cria esse universo lúdico”, explicou o premiado diretor Nélio Spréa aos professores e educadores que participaram do Fórum de Cinema e Educação, evento gratuito que integra a programação da 17ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Diretor dos curtas-metragens “A escola de ensino fenomenal” e “O fim do recreio”, vencedor da 11ª Mostra de Cinema Infantil, Spréa conduziu o fórum desta segunda-feira, 2 de julho, e promoveu uma reflexão sobre infância, cultura escolar, cultura infantil e criatividade na escola.

Spréa tratou de duas abordagens que podem se complementar. De um lado, a experiência lúdica como ferramenta pedagógica, do outro, a experiência lúdica como empreendimento criativo da criança. “Em um contexto em que a organização do tempo e dos espaços das crianças se restringem cada vez mais aos tempos e espaços das instituições, tão fundamental quanto coordenar ações dirigidas é dar vazão à criatividade e à liberdade de escolha das crianças”.

Segundo ele, a maioria dos pais estanca a criatividade alheia das crianças. Spréa exemplificou contando a história de um pai que ao chegar em casa encontra o filho cozinhando com um porta retrato e mexendo a comida com o controle remoto. “Não se pode interromper a explosão de criatividade que se deu nesse momento. A ludicidade é um campo da experimentação criativa que não tem fim”.

Para Spréa, cabe à escola desenvolver essas aptidões tiradas das crianças pela sociedade do controle. “E assim é com vocês quando brota uma experiência criativa”, disse à plateia de educadores. “Há formas de dar continuidade à sequência que vocês têm que dar conta em sala e é possível contemplar, de vez em quando, a explosão de criatividade que se dá em variados momentos”, defendeu.

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A importância do brincar

Preferido das crianças no circuito de cinema infantil em Santa Catarina, “O Fim do Recreio” foi escolhido melhor filme em 2012 pelo júri oficial da 11ª edição da Mostra. O curta-metragem retrata a vida de alunos de uma pequena escola quando chega a notícia de um projeto de lei que pretende acabar com o recreio escolar. Em meio a um cenário em que o debate político entrou nas salas de aula, o filme é uma reflexão sobre a importância do brincar no cotidiano das crianças de todas as idades.

Na avaliação do diretor, o cinema pode aguçar interesses e provocar entendimentos que apenas se tornam possíveis de se obter quando imergimos com intensidade em alguma narrativa. “Além de servir como uma espécie de ferramenta didática ou estratégia pedagógica capaz de introduzir temas, problemas, soluções, o cinema torna-se na escola objeto de conhecimento. As linguagens do cinema só podem ser assimiladas no exercício continuado de ver e ver mais e mais filmes. E a escola tem de tomar parte nisso, fomentando experiências de apreciação e de produção audiovisual entre seus alunos”, defendeu.

 

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Texto: Manoela de Borba

Fotos: Carolina Arruda


Publicado em 02 julho 2018


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