“Esse filme fala sobre a presença e o apagamento dos povos originários”, diz diretora de Aiurê na pré-estreia do longa catarinense

Rita Oenning da Silva, diretora do longa Aiurê, no bate-papo com o público após a sessão

Rita Oenning da Silva, diretora do longa Aiurê, no bate-papo com o público após a sessão

A pré-estreia do longa-metragem catarinense “Aiurê” lotou a sala de cinema do CIC – Centro Integrado de Cultura, em Florianópolis nesta sexta-feira. e foi marcada por emoção e aplausos entusiasmados. O público catarinense recebeu com calor o filme dirigido por Rita Oenning da Silva, que retrata com sensibilidade e força poética a história e a identidade do povo serrano de Santa Catarina.

Gravado em locações da Serra catarinense, o longa traz para a tela o cotidiano, as tradições e os desafios de comunidades rurais, mesclando memórias, natureza e elementos da cultura local. A produção é um marco para o cinema do estado, destacando o potencial artístico e técnico das produções regionais.

Durante a sessão, a diretora contou que o filme foi inspirado em sua infância vivida na comunidade Aiurê, na cidade de Grão Pará. Quando pequena encontrava diversas flechas no chão e curiosa, questionava os professores sobre os objetos encontrados.

“A resposta nunca me contentou. E depois de adulta fui vendo os rios da região sendo contaminados, as araucárias destruídas e a história dos indígenas apagada. Então, decidi fazer esse filme para falar da presença e o apagamento dos povos originários”, disse a diretora.

Com estreia oficial prevista para o circuito nacional nas próximas semanas, “Aiurê” já desponta como uma das obras mais representativas do cinema catarinense recente — uma celebração da cultura local e da força das histórias contadas a partir do interior do estado.

O olhar das crianças sobre o fazer cinematográfico

diretor indiano Piyush Thakur fala na 24ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

diretor indiano Piyush Thakur bateu um papo com a plateia na 24ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis

Durante a sexta-feira, foi realizada uma uma sessão especial dedicada a curtas-metragens que exploram o cinema sob a perspectiva das próprias crianças. As obras encantaram o público ao mostrar como os pequenos entendem, reinventam e participam da criação audiovisual — da curiosidade sobre os bastidores à vontade de contar suas próprias histórias.

Entre os destaques da sessão esteve o filme “O Primeiro Filme”, do diretor indiano Piyush Thakur. A produção mistura sensibilidade e humor para acompanhar um grupo de crianças que decide fazer seu próprio filme, enfrentando desafios técnicos e criativos com imaginação e espontaneidade. O curta despertou risos e aplausos ao mostrar, de forma leve e inspiradora, o poder do cinema como ferramenta de expressão infantil.

De acordo com o diretor, a ideia do filme surgiu na França quando ele avistou um casal de idosos indo ao cinema. A cena despertou nele a vontade de contar como o cinema não tem gênero, nem idade e decidiu fazer uma junção com a história de sua avó que, na sua época, era proibida de ir ao cinema pelas leis indianas.

“Eu decidi fazer o filme em três atos contando também a história do cinema. A primeira parte é de cinema muda, a segunda já tem aúdio, é um cinema falado e a terceira já tem música e uma grande produção”, contou Piyush.

O curta indiano participou de 30 festivais e já foi traduzido em 15 idiomas. Durante o bate-papo com a plateia, o diretor disse ainda que o elenco da obra nunca tinha atuado em um filme.

Além da produção indiana, a mostra exibiu curtas de diferentes países e regiões do Brasil, todos com um ponto em comum: dar voz e protagonismo às crianças, que aparecem não apenas diante das câmeras, mas também nos papéis de roteiristas, diretoras e editoras de suas próprias narrativas.


Publicado em 17 outubro 2025


Imagem com conjunto de logotipos de apoiadores, patrocinadores e realizadores: No topo, logotipos da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet, Cineclube da Mostra, Fundação ESAG e NICA. No centro, logotipos da Prefeitura de Florianópolis – Educação, Engie e Itaú. Na base, logotipos do Prêmio Catarinense de Cinema, Fundação Catarinense de Cultura, Governo de Santa Catarina, Ministério da Cultura e Governo Federal do Brasil – União e Reconstrução.
Mostra de Cinema Infantil
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