
Mais de 800 pessoas compareceram aos segundo dia da Mostra. (Foto: Carolina Arruda)
O segundo dia da 24ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis foi uma celebração do cinema brasileiro e da imaginação das crianças. Mais de 600 pessoas — entre famílias, educadores e pequenos cinéfilos — lotaram o cinema para acompanhar uma programação repleta de surpresas, risadas e emoção.
O destaque da jornada ficou por conta das pré-estreias de dois longas-metragens nacionais: Papaya, da diretora Priscilla Kellen, e Aventuras de Makunáima – Histórias Encantadas da Amazônia, de Chico Faganello. Após as exibições, os dois cineastas subiram ao palco para conversar com o público. As crianças, curiosas e empolgadas, fizeram perguntas diretas e sinceras sobre os personagens, os bastidores e os sonhos que inspiraram cada história.
“Eu tive a ideia da semente de mamão, comecei a esboçar a personagem e desenvolver a personalidade dela, um processo rico. Foram quase cinco anos de produção”, comentou Priscilla.
O longa de Chico Faganello apresentou narrativas ancestrais vividas no dia a dia de crianças indígenas que, por meio da música, da dança e das brincadeiras, revelam um presente cheio de encanto. Um filme ovacionado pela a plateia ao final da exibição. Durante o bate-papo, o diretor relembrou o início de seu trabalho com os indígenas que neste ano completou 20 anos e os motivos pelos quais se encantou com as histórias desse povo.
“Quando li o material eu pensei em como perdemos muitas coisas porque fomos obrigados a encaixotar certas lógicas. Será q toda essa fúria de progresso não ajudou a gente entrar nesse buraco ambiental que estamos? E nós vemos que certos grupos vivem em uma certa fantasia, então a vontade foi de explorar esse universo que não me satisfazia só pelo que era mostrado pela mídia”, disse.

O diretor Chico Faganello trouxe para a Mostra o longa-metragem “Makunáima – Histórias Encantadas da Amazônia”. (Foto: Carolina Arruda)
O índigena catarinense do povo Laklãnõ-Xokleng, Jucelino Senei Filho, fez parte da equipe de fotografia do longa Makunáima e contou como a história do seu povo é parecida com de outras etnias.
“Fazer esse filme mudou minha visão mesmo sendo indígena também. Eu me surpreendi com as semelhanças da minha aldeia e a deles. Foi uma grande descoberta ter ido à Rondônia. É uma história incrível que une as crianças os saberes ancestrais e as narrativas indígenas e reúne conhecimento alegria e sabedoria unidas pra caminharmos numa direção mais amigável e estamos sempre de mãos dadas pra tudo”, afirmou.
Convidada ao palco,Gilka Girardello, curadora da Mostra falou também falou sobre o filme.
“Ele entrelaça o mundo real e o místico. É bonito como a obra ampliou a voz desses povos e faz isso junto com uma denúncia poderosa, tudo isso através da voz das crianças”, finalizou.

A diretora Priscilla Kellen conversa com o público sobre seu longa-metragem “Papaya”. (Foto: Carolina Arruda)
Curtas Internacionais
Além das estreias nacionais, a programação contou com duas sessões de curtas-metragens internacionais, apresentando produções de diferentes países que ampliaram o olhar das crianças para outras culturas e maneiras de contar histórias. Entre gargalhadas, aplausos e olhares atentos, o público infantil mostrou que entende — e sente — o cinema de forma autêntica e intensa.
O dia terminou com apresentação do grupo Africatarina, que levou muita animação para o Centro Integrado de Cultura e colocou todo mundo para dançar.
A Mostra segue durante a semana com sessões de cinema com mais de 120 filmes, com entrada gratuita e pipoca de graça.



