“O que queremos para o mundo?” na tela da Mostra

“O que queremos para o mundo?”, longa nacional de Igor Amin Ataides, teve sua pré-estreia na segunda sessão de sábado da Mostra de Cinema Infantil. A estudante de teatro Marina Pereira Koehler, 11 anos, apresentou a sessão ao lado da apresentadora oficial, a atriz Raquel Stüpp.

“Sempre imaginei que o filme fosse exibido aqui, nessa tela, para vocês”, disse o diretor minutos antes da exibição. Voltado para o público infanto-juvenil, o longa é resultado de uma construção coletiva que envolveu quatro mil crianças em três anos de atividades de laboratório com oficinas de música, canto, dobraduras e tantas outras.

“O projeto buscou ouvir a criança através da Internet. Elas enviaram vários vídeos respondendo a pergunta que dá nome ao filme e isso nos inspirou muito”, contou Igor.

O desafio coletivo começou na plataforma Catarse, com o financiamento da pré-produção de R$ 27 mil por mais de 160 pessoas. Segundo o diretor, trata-se de um filme simples, independente e feito com poucos recursos – orçamento total de R$ 200 mil – com o propósito de ser educativo. “É possível expandir formas de financiamento através da nossa motivação. A Mostra nos inspirou para a criação desse filme, nossos primeiros curtas foram apresentados aqui”, afirmou o diretor.

 

O filme

As respostas das crianças para a pergunta “o que queremos para o mundo?” foram expandidas por meio de diálogos em oficinas e se transformaram nas temáticas que costuraram a narrativa do filme, como casa na árvore, a mobilidade urbana, música na escola, comidas mais leves e outras escolhas sustentáveis.

Segundo o diretor, o longa é uma ficção e, ao mesmo tempo, uma não ficção, por conter sugestões de crianças com experiências reais.

Luzia, mais conhecida como Luz, é a personagem central dessa história de amizade e conflitos típicos da adolescência. “Travesseirar”, equivalente a fazer preguiça, é a segunda coisa que Luz mais gosta de fazer – a primeira é dormir. “Travesseirando” ela vai longe, a vários lugares do mundo, sem sair da cama.

Introvertida, a adolescente tem um mundo particular e durante todo o tempo analisa todos ao seu redor. Aos poucos, ela vai se descobrindo e passa a ter mais confiança em si e nas pessoas.

O enredo se desenvolve com a atividade que ela e suas colegas de escolas terão que apresentar na aula de música. Luz, Sol, Bela e Lua são desafiadas pelo professor a criar a melodia e a letra de uma canção. O que parecia uma tortura para as adolescentes que mal se entendiam e tampouco sabiam tocar instrumentos musicais, se revelou uma experiência reveladora.

As quatro adolescentes, chamadas pelo diretor de “não atrizes”, foram preparadas durante um ano. Foi nesse laboratório de que elas criaram a música apresentada ao final do filme. Hoje, as quatro “não atrizes” têm uma banda de verdade.

Como não poderia faltar nesse “mundo ideal”, a casa na árvore, que deu nome à “Banda da Casa da Árvore”, foi construída com paletes e madeiras sustentáveis imitando um origami, dobradura que a protagonista montava durante todo o filme acreditando numa lenda japonesa que diz que a cada mil dobraduras como essa um sonho se realiza.

 

 

Bate-papo

“Eu achei muito legal essa ideia de várias crianças falarem de como querem o mundo. Pensar sobre isso é muito importante hoje em dia, nesse momento em que estamos vivendo” falou Camila Augspach, 11 anos, no bate-papo após a sessão.

João Rio da Silva Pereira, 12 anos, ficou curioso com a escolha do diretor pela animação alusiva à dobradura de origami que ilustrou cada explosão de pensamentos da protagonista.

A psicóloga Eliane Amorim, acompanhada da filha e da neta, parabenizou o diretor pela ideia de relacionar a adolescência à construção de um mundo melhor. “O filme passa esperança. Essa nova geração vem com essa ideia de amor e de transformação. Isso é maravilhoso”, disse.

Ao final, a corajosa Stella Szarahat Amadei, 11 anos, aceitou o desafio feito pelo diretor de cantar a trilha do filme “Polifonia amor” e ganhou o CD com a música. “Gostei bastante da música, por isso foi fácil memorizar”, disse ela que pretende fazer aula de música.


Publicado em 03 julho 2016


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